sábado, 11 de julho de 2015

Pum, Peido, Gases ou Flatulência

Tudo o que comemos ou bebemos nos dá gases. De fato, é normal liberar em forma de pum quase uma garrafa pet inteira (1,9 litros) de gás a cada dia.

A flatulência perfumada, no entanto, vêm de colônias de bactérias localizadas dentro do nosso trato intestinal. No processo de converter os alimentos em nutrientes úteis, estes micróbios “mastigadores” produzem um subproduto fedorento de gás sulfídrico, o mesmo cheiro que emana de ovos podres.

Assim como o resto de nós, as bactérias preferem comer alimentos açucarados. 

Os tipos de açúcar naturalmente presentes no leite, nas frutas – e claro, no feijão – produzem a maioria de peidos.

Um pouco da história do pum
A flatulência tem gerado piadas, folclore, etiqueta, e até mesmo tem sido proibida por lei, mas pouco estudo tem sido feito sobre ela. Hipócrates (460-377 AC) considerou ter muito gás uma doença, e recomendava liberá-los. A medicina moderna concorda com ele, notando que a retenção de gás é um dos principais fatores da doença diverticular. O que é um alívio, já que uma pessoa em média solta gases cerca de 13 vezes por dia.

Entre os que se dedicaram a escrever com humor sobre o assunto, temos Geoffrey Chaucer, Benjamin Franklin e Mark Twain. Aristófanes incluiu piadas sobre o assunto em sua peça “As Nuvens”.

Os romanos tinham uma lei que proibia soltar gases em locais públicos, que foi suspensa durante o reinado de Claudius, o mais flatulento dos imperadores. E já houve até quem morresse por causa de um “pum”: Pu Sao, um polinésio de Tikopia, ficou tão envergonhado de ter peidado na frente do chefe que cometeu suicídio empalando-se em uma palmeira.

Em Chagga, na Tanzânia, a punição para soltar gases é menos severa, mas vai dar pano para manga com as feministas. Se um marido peidar, sua esposa tem que fingir que foi ela, e se submeter à censura. Se não cumprir sua obrigação de esposa, tem que pagar três barris de cerveja.

A origem do gás que dá ao flato seu poder já foi assunto de muita discussão. 
Plínio, O Velho (23 – 79 DC) achava que a alface impedia a flatulência, mas alho, alho-poró e cebola as causavam. 
Já Demócritus (460 – 370 AC) proibia comidas com nabos, acreditando que eles causavam flatulência.

Hoje sabemos que 99% do gás intestinal é composto de nitrogênio, oxigênio, dióxido de carbono, hidrogênio e metano, mas todos os gases, exceto oxigênio e nitrogênio, resultam de processos do próprio intestino. O curioso é que nenhum destes gases tem cheiro: o odor do peido é resultado de traços de outros gases produzidos por bactérias intestinais.

E, para quem já viu ou participou do estranho “ritual” macho de incendiar flatos, é o metano o responsável pela chama azul – as enormes chamas amarelas que aparecem em filmes de Hollywood é efeito especial. Mas apenas um terço da população consegue gerar níveis de metano que o tornam combustível.

Em uma nota séria, um intestino cheio de gás pode ser fatal, pelo menos para um paciente que estava passando por uma cauterização de um pólipo. Uma fagulha causou a explosão de seu intestino, arrancando o colonoscópio e rasgando um buraco de 15 cm no intestino grosso do paciente.

Tragédias à parte, em seu livro Robert Provine também conta as proezas do francês Joseph Pujol, que tinha a curiosa capacidade de sugar ar com o reto e depois liberá-lo com força suficiente para apagar uma vela a 30 centímetros de distância. Em um ato apresentado por ele, Pujol imitava os peidos de diversas pessoas – uma garotinha, uma sogra, uma noiva antes da noite de núpcias (fraco) e depois dela (forte), roupas sendo rasgadas, um disparo de canhão e uma trovoada.

Ele também era capaz de fumar um cigarro e tocar flautas com o reto. Além de tudo isso, Pujol conseguia imitar sons de animais, como um galo, um filhotinho de cachorro, um cachorro que teve sua cauda presa na porta, uma coruja, pato, abelhas, gatos, rãs, porcos, e instrumentos musicais como o violino, baixo e trombone. Sua performance mais aplaudida era tocar “A Marselhesa”.

Esta última performance levou o cientista a cogitar se não seria possível usar o reto como um instrumento da fala – afinal de contas, faltaria apenas um aparelho fonador, já que o resto está lá: um fole para o ar, e pregas para criar vibração. Esperamos ardentemente que ninguém tente isso.


Fonte: CALZAVARA, Bruno. hypescience.com/10-coisas-estranhas-que-nos-humanos-fazemos-todos-os-dias/
Fonte: GROSSMANN, Cesar. hypescience.com/soltar-gases-uma-arte-e-uma-ciencia/

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Compostos estranhos que nosso corpo produz

Essa nojeira saudável que nosso organismo produz, protege o organismo contra invasores e elimina impurezas.

Meleca de nariz
A meleca de nariz e o catarro não passam de uma mistura de proteínas e água com restos celulares.

A meleca e o catarro são produzidos por glândulas da mucosa do nariz. Mas a "caca" fica dura porque é ressecada pelo ar que entra quando respiramos. Cada meleca dentro do nosso nariz serve como uma espécie de tela de proteção. Nelas ficam grudadas partículas de poluição e poeira que podem causar alergias, principalmente se você vive em uma cidade grande e poluída.

Catarro
Tem a mesma função da meleca, mas, em vez de sair pelo nariz, ele é impulsionado por pequenos pelos das vias aéreas (os chamados cílios) em direção à boca, para ser cuspido ou engolido. Quando há uma inflamação causada por vírus ou bactéria, a produção de catarro aumenta para eliminar os invasores que entraram ou tentam entrar no organismo. Por causa do ambiente úmido e quente, adorado pelas bactérias, esse catarro "contaminado" pode infeccionar e mudar de coloração, ganhando aquele nojento tom esverdeado.

Cera da orelha
A cera da orelha, além de proteínas e água, possui ainda algumas enzimas, que matam microorganismos invasores.
Se você é viciado em cotonetes, precisa se controlar. "Cera não é sujeira. Quem já tem pouca e ainda fica tirando, possui mais chance de ter infecções", diz o otorrinolaringologista Ricardo Bento, da USP. O ideal é limpar só o que fica aparente na orelha, pois a cera, produzida por glândulas no canal da orelha interna, tem enzimas poderosas para atacar microorganismos invasores.

Remela
Apesar de todo mundo ter remelas, elas não são tão inofensivas assim.
Ela aparece por causa da irritação da conjuntiva, membrana que cobre a parte interna das pálpebras. A conjuntiva produz mais muco que o normal e ele se acumula no canto interno dos olhos provocando infecções como a conjuntivite. Se a remela é branca, a causa da irritação é simples: pode ser a poluição, o ar condicionado ou a água da piscina, por exemplo. Mas um tom bem amarelado pode indicar a presença de bactérias, que se multiplicam quando os olhos estão fechados, beneficiadas por uma espécie de "efeito estufa".

Xixi
O xixi, que parece uma coisa simples, na verdade é mais complexo. O de uma pessoa saudável tem água, eletrólitos (sódio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio), produtos metabolizados de hormônios e enzimas (como ureia e ácido úrico), além do excesso de tudo que foi consumido. É produzido nos rins, onde existem centenas de milhares de unidades filtradoras, os néfrons. Algumas substâncias são filtradas e voltam para a circulação, mas o "lixo orgânico" sai pela urina. Então, se você já ouviu um papo estranho de que beber xixi faz bem para a saúde, desconfie. "A urinoterapia não passa de um charlatanismo dos mais grosseiros", afirma o nefrologista (especialista em rins) Agostinho Tavares, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

A urina é que dá fim aos excessos do organismo, mantendo volume, pressão e o pH neutro do sangue. É por isso que, quando você ingere muito líquido, a urina sai mais diluída, mais transparente. Já o primeiro xixi da manhã normalmente vem concentrado, bem amarelo e com cheiro forte, porque, além de você não beber nada durante a noite, ainda perde líquidos pela respiração e pela pele.

Cocô
O cocô, por sua vez, não faz mal a ninguém - exceto, é claro, para os nossos narizes! Obra das bactérias do intestino grosso, ele se forma no final do processo digestivo, quando os nutrientes da comida já foram absorvidos pelo organismo. Depois de ficar armazenadas no reto, esperando o sinal para sair, as fezes eliminam água, bactérias mortas, proteínas e restos de alimentos não absorvidos.

O que comemos demora até oito horas para ser digerido e o que não foi aproveitado leva mais um tempão para ser eliminado em forma de fezes - de 12 a 24 horas. O cheiro do cocô fica por conta de cada um, pois depende da flora bacteriana do cólon. Apesar de desagradável, esse odor já tem utilidade: foi criado na Inglaterra um aparelho que identifica o tipo de infecção de alguém com diarreia a partir do cheiro do cocô.

Fonte: MOIÓLI, Julia. Revista Mundo Estranho, Edição 27.